Como é o processo de aposentadoria do Cão-Guia

Como é o processo de aposentadoria do Cão-Guia

Cão-Guia se aposenta? Quando isso acontece? Com quem ele fica depois de aposentado? Você pega outro?

Me fazem essas perguntas com frequência e neste artigo irei responder tudinho para vocês!

Assim como os cães policiais, de resgate, o cão-guia também se aposenta.

O período para que isso aconteça é muito relativo, vai depender de cão para cão, é analisado sua saúde e condição física.

Em média eles se aposentam com 8 anos de trabalho e 10 anos de idade, podendo acontecer antes ou depois disso.

A saúde do cão é um fator crucial para saber qual o melhor momento dele se aposentar, não queremos que eles trabalhem estando com dor e indispostos né? Por isso o acompanhamento frequente com o veterinário é super necessário. E precisamos fazer um checkup anual neles para ser enviado a escola responsável pelo cão-guia, o que ajuda bastante no tratamento de alguma doença, pois pode ser descoberta logo no início.

Com a aposentadoria, o cão-guia se “torna” um cão de estimação, não irá mais guiar seu tutor e não poderá mais frequentar todos os lugares com ele. O cão continua com a pessoa com deficiência visual, mas em alguns casos o tutor não consegue continuar com o cão, pois é um animal que está acostumado a ter gente sempre por perto, faz as necessidades somente na rua, e às vezes a pessoa com deficiência visual mora sozinha, ou tem uma rotina que não fica ninguém em casa, então para o bem estar do cão-guia, opta por deixar o cão com algum parente ou pessoa próxima.

Por mais que ele não utilize mais o arreio, equipamento de trabalho, muitas vezes ele acaba continuando a sinalizar os obstáculos para seu tutor. Por exemplo, mesmo quando a Hilary não está com o arreio, e eu estou com ela só na guia, em algum lugar que conheço, ou com o meu marido, ela para no degrau para que eu identifique. Tenho uma amiga que o antigo cão-guia guiava ela também quando ela ia levar ele para fazer “banheiro” na rua, mesmo estando somente com a guia.

Quando temos um cão-guia, voltar a usar a bengala é mais difícil, então temos uma certa prioridade para ter um novo cão, mas nem todos querem ter um segundo cão-guia logo que o cão se aposenta. Alguns já fazem a reposição bem simultaneamente, assim que o cão-guia se aposenta já vai para a instituição pegar um novo, outros ficam um período sem cão, e outros não querem mais ter cão-guia.

Agora vou compartilhar minha experiência por estar próxima desse momento acontecer. ☹

Digo que um dos momentos mais difíceis de se ter um cão-guia é a proximidade da aposentadoria, decidir quando é o ideal momento para isso acontecer, e aceitar que o momento chegou.

Você pode estar pensando, “Ah, mas o cão ainda irá continuar com você”, sim, mas não estará mais 24hs comigo, ficará em casa quando eu tiver que sair, é um processo delicado tanto para nós como para o cão-guia.

Não posso dizer exatamente como é pois ainda não passei por isso, Hilary é meu primeiro cão-guia, mas estou um turbilhão de emoções e pensamentos quando o assunto vem em mente ou me questionam.

Nossa relação com eles é muito forte, depois de um período juntos temos uma sintonia tão grande, que acontece de pensar onde quero ir, e sem falar para a Hilary, quando me dou conta, ela me levou onde estava pensando em ir.

Darei um exemplo de uma situação que aconteceu no início da pandemia.

Adoro chocolate, e em alguns momentos sinto uma necessidade maior de comer e fico doida querendo um pedacinho! Como essa pandemia começou inesperadamente, do dia para a noite não podíamos sair de casa, não consegui “armazenar” meus queridos chocolates. Após alguns meses, fui passear com a Hilary no quarteirão, fiquei pensando se passava na padaria para comprar chocolate, mas estava receosa ainda. Continuamos a caminhar, eu perdida em meus pensamentos, quando  do nada, em uma parte do caminho, Hilary resolveu atravessar a rua e eu perdi um pouco a noção de onde eu estava (isso porque eu estava dando uma volta no quarteirão…rs), aí ela parou, levei um tempo para me localizar, e onde estávamos? Na frente da padaria! <3

Toda essa sintonia e confiança no cão é um processo, não acontece de uma hora para outra, a fase de adaptação é bem difícil, muitas vezes pensamos em desistir, mas com paciência e perseverança as coisas melhoram e fica tudo maravilhoso!

E pensar em passar por todo esse processo de novo é tenso, mas faz parte…

É importante dizer que o cão-guia não sabe chegar nos lugares só por dizer “Encontra a padaria”, isso é aprendido conforme vamos frequentando os lugares e “batizando”, e com o tempo eles começam a associar o local com o nome que “batizamos”. Como estavamos perto de casa, a padaria e outros lugares próximos já eram de conhecimento da Hilary. Depois, quando estamos em locais diferentes, por exemplo, quando viajamos, acredito que ela associe o lugar com o cheiro, mas não posso afirmar com certeza como eles fazem a associação.

Uma boa comparação para exemplificar é dizer que somos o GPS e o cão-guia o carro, somos nós que damos o direcionamento para eles.

Sempre que quero que a Hilary grave onde fica algum lugar, faço festa quando chegamos e dou uma recompensa, dessa forma ela sabe que aquele lugar é importante e que receberá um biscoitinho quando encontrar o que pedi. 🙂

Cada dupla, tutor e cão-guia, tem um tipo de sintonia e maneira de fazer esses “batizados” e associações.

 

Hilary passou por avaliação recentemente e ainda está apta para trabalhar, até quando isso será eu não sei, mas no máximo até o final do ano por causa da idade. Por mais que ela esteja ótima de saúde, já não tem mais a mesma disposição de quando mais nova, o que é natural quando envelhecemos.

Ainda não sei se terei logo um segundo cão-guia, acho que não estou preparada emocionalmente para isso, além de outras questões, como o financeiro também.

Ah, e com certeza Hilary continuará comigo após a aposentadoria, somos inseparáveis! 😉

 
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2 comentários sobre “Como é o processo de aposentadoria do Cão-Guia

  1. Obrigada por contar um pouco sobre sua amiga de 4 patas amei!🥰
    Tenho retinose pigmentar e gostaria muito de ter um cão guia sou do Guarujá vc poderia me indicar o lugar aonde vc conseguiu a sua por favor?
    Desde já obrigada!

  2. Olá Rosangela! O projeto que consegui a Hilary foi encerrado, infelizmente, mas para nossa região temos o IRIS e Instituto Magnus, escrevi um artigo “Como conseguir um cão-guia “, lá tem mais informações;) Beijos

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